Poucos dias atrás, mais precisamente no dia 12 de Outubro de 2012, enquanto dirigia o meu carro rumo ao Aeroporto de Viracopos (Campinas - SP) toca o telefone.
Era o meu irmão mais novo, o Robson com uma voz embargada informando que os médico haviam acabado de anunciar a morte cerebral do nosso papai.
Eu estava dirigindo rumo ao aeroporto de onde voaria para a Bahia, participar da festa de 2 Anos de aniversário da IEB Entre Rios.
Aquilo foi um choque para mim, já que teria que interromper a viagem por um motivo tão trágico e triste. Como entender que dias antes Deus havia confirmado através de uma prova incontestável de que a viagem deveria ser feita? Eu estava pronto a abortar imediatamente a viagem e cuidar do enterro do nosso pai.
Só para que você entenda, a morte cerebral do meu pai foi decretada depois de uma parada cardíaca que durou 10 minutos, o que ocasionou falta de oxigenação no cérebro. Isto tudo agravado devido à idade de 78 anos, devido ao fato de que os rins já não funcionam há muito tempo (meu pai já fazia hemodiálise 3 vezes por semana), um câncer de próstata diagnosticado há mais de 5 anos e outras coisas mais, como pressão alta, vários AVCs, coágulos, etc.
O quadro era completamente desfavorável e não havia a menor esperança. Ao ser informado da morte cerebral, ao mesmo tempo que uma tristeza enorme abateu o meu coração, uma sensação de paz tomou conta da minha mente. Me lembrei que há mais de 5 anos os médicos haviam anunciado que meu pai teria apenas 6 meses de vida. Me lembrei que, naquela época a minha preocupação era se o meu pai sobreviveria para ver a minha formatura na segunda faculdade. Meu maior motivador era ser reconhecido pelo meu pai como um guerreiro. Queria que meu pai me visse formado pela segunda vez em um curso superior.
Jamais poderia imaginar que isto pudesse ter acontecido até que, no dia da minha formatura lá estava o meu pai, firme e forte. De lá para cá muitas coisas aconteceram, vimos meu pai superar enormes barreiras. Como diziam os médicos "Seu pai tem driblado a morte de forma impressionante". Para se ter uma ideia os médicos perderam a conta da quantidade de AVCs que meu pai teve nos últimos anos.
Mas agora era diferente, meu pai estava fragilizado, não poderia resistir a um ataque cardíaco tão devastador. Principalmente pelo fato de ter demorado cerca de 10 minutos para reanimá-lo.
Não havia dúvida de que desta vez era definitivo. Mas, baseado em tantas histórias de recuperação e levando em conta a confirmação que havia recebido de Deus alguns dias antes, decidi empreender viagem até o aeroporto. Meu pai estava na UTI do hospital, em coma, respiração assistida por aparelhos, mas continuava vivo. Pensei comigo que, caso alguma coisa mudasse, eu poderia voltar a qualquer momento. Do aeroporto liguei para a Pra Aline e relatei o fato. Suas palavras foram recheadas de extrema sabedoria e carinho. Eu sabia que ela me apoiaria qualquer que fosse a minha decisão, de ir ou de ficar para acompanhar os últimos instantes do meu pai, entretanto durante uma oração feita via celular, a ouvi dizendo que o meu pai estava nas mãos de Deus. Foi o suficiente para que eu tomasse a decisão de fazer o check-in e embarcar na aeronave. E fui.
Quando a aeronave pousou no Rio de Janeiro de onde faríamos uma conexão para Salvador, resolvi novamente telefonar, só para me inteirar dos fatos. Nada havia mudado, meu pai continuava em coma na UTI.
E assim, depois de desembarcar em Salvador segui viagem até a cidade de Entre Rios. Era madrugada do dia seguinte, quando liguei para a minha mãe para ter notícias, nada havia mudado.
As festividades do aniversário da IEB Entre Rios se estenderam por todo o final de semana e eu me entreguei de corpo e alma à missão proposta no final de semana. Foram dias em que vimos Deus mover os céus de uma forma impressionante.
Lá pelas tantas, durante o encerramento do culto de Domingo, ouço a voz de Deus através de um dos pastores dizendo: "Seu pai vai sair daquela UTI". Confesso que eu não acreditei que isto pudesse se cumprir. Pensei comigo mesmo: "Isto deve ser fruto da imaginação ou emocionalismo".
Periodicamente ligava para São Paulo e a resposta era sempre a mesma: "Não mudou nada".
Eu imaginei que Deus estava esperando apenas eu voltar para casa para enfim, levar o meu papai para o merecido descanso. Engano meu, cheguei em São Paulo na Segunda-feira, retornei para os meus afazeres, e meu pai continuava lá, imóvel. Apenas alguns espasmos davam indicação de que ainda havia alguma atividade naquele corpo quase inerte.
No fim de semana seguinte, fui ao hospital para orar com o meu pai. Depois de uma longa conversa, aliás um monólogo, fizemos uma oração. Eu não tive coragem de pedir nada porque tive a impressão de que seria puro egoísmo pedir que Deus curasse o meu pai que já estava sofrendo há bastante tempo.
Entretanto, fazendo menção da palavra que tinha ouvido de Deus no fim de semana, resolvi exercitar a minha fé e ordenei que meu pai abrisse os olhos como sinal de que ele gostaria de voltar para casa. Qual não foi a minha surpresa ao ver o meu pai mexer a sobrancelha e, depois de algumas tentativas e algum esforço meu pai conseguiu abrir os olhos. Alguns disseram que era apenas um reflexo involuntário. Pra mim não era, isto era o sinal que meu pai queria continuar vivendo e que Deus estava cumprindo o que havia dito.
A partir daí, meu pai passou a abrir os olhos esporadicamente e a dar sinais de que estava se recuperando. Continuamos orando no mesmo sentido, acreditando na promessa e nos milagres de Deus. Na semana seguinte, ao chegar ao hospital para mais uma visita notei que o aparelho de respiração havia sido desligado.
Questionei o enfermeiro que me respondeu que já não era mais necessário, que o meu papai já conseguia respirar por conta própria.
Foi um momento de grande alegria saber que Deus havia ouvido as nossas orações e respondido de forma tão pronta.
Neste dia tivemos uma nova conversa, onde recomendei ao meu pai: "Pai, cuidado com o tanto que o senhor está falando, isto pode deixá-lo rouco. E outra coisa, cuidado ao descer da cama porque o senhor pode cair, seus joelhos estão muito fraquinhos." Tudo isto logicamente era uma brincadeira que eu fazia com ele, mas também era uma forma de demonstrar que eu estava conversando com meu pai que estava vivo e podia me ouvir muito bem.
Ontem tivemos mais uma grande surpresa e uma alegria maior ainda. Meu pai teve alta da UTI e foi para o quarto. Glórias a Deus!!!!!!!
Não tenho como negar que Deus cumpriu o que foi prometido: meu pai está de volta e se recuperando muito bem.
A hemodiálise já pode ser realizada sem a ajuda de medicamentos para controlar a pressão e ele já não precisa mais de nenhum recurso externo para continuar vivo.
O que vai acontecer de agora e diante eu não sei mas já tenho motivos de sobra para agradecer a Deus por cumprir as suas promessas e atender as nossas orações.
Creio que quando chegar ao hospital para a visita no próximo final de semana já vou ouvir os primeiros sons emitidos por ele reclamando que quer sair do hospital.
Se isto não acontecer, não me interessa porque eu sei que meu pai continua no melhor lugar do mundo: "nas mãos de Deus".
Obrigado Senhor...
Pr Helio Morais
Um exemplo de homem, de pai e de amigo! Seu Benedito descanse em paz, muito obrigado por ter participado da minha infancia e sempre ter me tratado tão bem. Descanse em paz o senhor merece está paz como poucos nesse mundo tão cheio de maldades.
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